78 - Implicações fisiopatológicas e terapêuticas do enfarte agudo do miocárdio frente a coronárias angiograficamente normais ou com lesões estenóticas pérvias, Rev Bras Med (Cardiologia), 1985;4:187-92

Contribuição inédita à literatura nacional.

Resumo:

São apresentados 86 casos de enfarte agudo do miocárdio frente a coronárias angiograficamente normais (12 pts.), coronárias com lesões insignificantes (<50%, 54 pts.), sendo 27 casos de 1 coronária lesada, 16 casos de 2 coronárias lesadas e 11 casos de 3 coronárias lesadas; diagnosticados do ponto de vista clínico, eletrocardiográfico e enzimático: sendo 70 casos de enfarte transmural e 16 casos de enfarte não transmural.

A ocorrência do enfarte miocárdico frente a coronárias angiograficamente normais ou estenóticas pérvias, parece robustecer o nosso conceito do mecanismo fisiopatológico miogênico e da necessidade do emprego do cardiotônico na instalação do enfarte agudo do miocárdio.

No enfarte agudo do miocárdio a ausência de trombose coronária continua sendo o freqüente achado anatomo-patológico, principalmente a partir do trabalho de Branwood e Montgomery, quando iniciaram a contestação à teoria clássica e inverteram a seqüência fisiopatológica, apresentando a trombose coronária como conseqüência do enfarte agudo. O trabalho de Spain e Bradess situou singularmente a presença de trombose coronária recente em cerca de 25% dos casos de enfarte agudo autopsiados e em 75% dos casos a obstrução coronária completa por placas ateroscleróticas.

Com o advento da angiografia coronária, tornou-se igualmente freqüente o achado de coronárias normais com e sem fluxo lento ou coronárias estenóticas pérvias, em casos de enfarte recente.

Tem sido também comum na coronariopatia crônica, sem enfarte prévio, o registro de artérias coronárias - 1, 2 e até 3 - completamente obstruídas. Assim, o registro de obstrução completa de artéria coronária em enfarte recente não quer dizer necessariamente, tratar-se de trombose coronária aguda primária.

Permanece o desafio sobre a necessidade de chegar-se ao esclarecimento do verdadeiro mecanismo fisiopatológico e a terapêutica do enfarte agudo do miocárdio, frente a coronárias normais ou estenóticas pérvias, encontradas em cerca de 40% dos casos de enfarte agudo.

 

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