Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio
Cardiotônico: Específico para Sustação da Angina Instável
Quintiliano H. de Mesquita, Cardiologista
Desde a década de 40 que a ortodoxia cardiológica vem
procurando a solução terapêutica para evitar o enfarte miocardico (EM),
que ocorre freqüentemente e no curto prazo de 10 -15 dias, como
conseqüência imediata da alarmante síndrome clínica da angina instável em
crescendo (AI)
Naquele tempo, fiéis aos preceitos da Teoria Trombogenica (TT)
participamos com muito entusiasmo das pesquisas com o emprego dos
anticoagulantes - cumarínicos e heparina - procurando sustar a AI em
crescendo no período de 1944-54, ao fim do qual abandonamos o seu emprego
motivados por seu absoluto fracasso naquela síndrome e prevenção do
Enfarte Miocárdico (EM); entretanto, curiosamente, ficou registrado que a
ortodoxia cardiológica só chegou à mesma conclusão em 1969.
Na década de 60, com o advento da Cinecoronariografia e Ventriculografia,
a Cardiologia foi enriquecida pelos subsídios fornecidos sobre a relação
artéria coronária / músculo cardíaco (miocárdio) dependente no vivo,
indicando novos aspectos da doença das artérias coronárias e suas
conseqüências degradantes sobre a função e estrutura dos segmentos
miocárdicos dependentes.
Assim foi desenvolvida a estruturação da doença coronário-miocárdica com
fases de estabilidade e instabilidade sintomáticas e miocárdicas,
caracterizando-se como 3 distintos estágios evolutivos de grande
significação clínica, reconhecidos como o primeiro estágio de angina
pectoris estável (AE), sintomática e assintomática, o segundo estágio de
angina pectoris instável (AI) e o terceiro estágio de enfarte agudo do
miocárdio (EAM).
Em 1972, inspirados nesses importantes estudos sobre a relação coronária /
miocárdio dependente, fomos levados a elaboração da Teoria Miogênica (TM)
do Enfarte Miocárdico, caracterizada por conceitos de que o EAM resulta de
comprometimento miocárdico segmentar com súbita e espontânea perda de
contratilidade miocárdica regional coronária / dependente - Insuficiência
Miocárdica Regional (IMR) - responsável pelo desenvolvimento do absoluto
déficit de oxigênio - Isquemia Ventricular Recíproca (IVR) - gerando então
o enfartamento, morte do tecido isquêmico e resultante cicatriz necrótica;
ocorrendo como conseqüência do EM a formação de coágulo na artéria
coronária satélite (Trombose Coronária - TC).
Como se vê o EM passou a ser apresentado pela TM como causa e não
conseqüência da TC como preconiza a TT.
Ao mesmo tempo passamos a considerar a AI em crescendo como síndrome
clínica caracterizando a fase de instabilidade miocárdica e sintomática,
de mecanismo fisiopatológico semelhante ao do EM, na qual as crises
dolorosas são espontâneas e desenvolvidas pelas IMR e IVR, duradouras,
reversíveis e que se mostram assim recidivantes até uma crise final e
irreversível que dá lugar a instalação do EAM.
Admitindo tal mecanismo fisiopatológico aventado pela TM, verificamos que
a AI em crescendo mostrava-se sempre como verdadeira Síndrome
Intermediaria para o EAM e por isso se nos apresentava com a possibilidade
de ser sustada em sua evolução clínica, evitado o EM e alcançado o retorno
a fase de estabilidade miocárdica e sintomática por ação do cardiotônico
empregado permanentemente.
Com a introdução do cardiotônico como novo conceito terapêutico,
alcançamos uma nova Era em nossa pratica cardiológica com a imediata
sustação da Angina Instável (AI) em crescendo, que veio encerrar
definitivamente o longo período de 31 anos de nossas frustrações sem
recursos terapêuticos, no qual o EM ocorria inevitavelmente após curto
período de alarmante AI em crescendo.
Todos os casos de AI sustados e mantidos pelo cardiotônico têm mostrado o
rápido retorno a estabilidade miocárdica e sintomática, sempre marcados
por prolongada sobrevida e livres de serem acometidos por EM, porque se
acham garantidos pelo uso vitalício do cardiotônico como droga
anti-enfarte, habitualmente associado ao dilatador coronário e, desde
1991, também ao inibidor da ECA.
Enquanto temos considerado o problema da AI em crescendo como resolvido
definitivamente pelo emprego do cardiotônico exigido como compatível com
os preceitos da TM; o que se tem verificado quanto aos seguidores da TT é
que eles permanecem na escuridão desde a década de 40, sem sustentação
terapêutica e desnorteados com o fracasso dos Anticoagulantes (1944-69)
empregados durante 25 anos e também com os insucessos registrados com os
Tromboliticos nas décadas de 80 e 90; medicamentos esses compatíveis com
os preceitos da TT mas significativamente ineficazes na sustação da AI.
Tem sido tão marcante a insegurança dos seguidores da TT que, após
apelarem para todo tipo de terapêutica medicamentosa, métodos invasivos e
cirúrgicos sem convincente sucesso; por último, enveredaram pela
especulação pura e simples e apresentam-se nos últimos anos procurando
sustentação numa causa infecciosa comprometendo as artérias coronárias e
atribuída aos Cytomegalovirus, Helicobacter pylori e Chlamydia pneumoniae
como responsáveis pela aterosclerose coronária e até pelo desencadeamento
da AI.
De nossa experiência nos últimos 27 anos com a medicação cardiotônica
imposta como exigência da fisiopatologia da AI preconizada pela TM,
devemos atestar que tem sido bem sucedida através da sua sustação imediata
e prevenção do EM, resultado que tem servido como comprovação de nossa TM,
sustentada por nossa casuística de casos assim tratados e nunca enfartados
quando mantidos por décadas sob tratamento permanente que lhes tem
garantido prolongada sobrevida e o alcance de avançada idade.
Em crise aguda de AI em crescendo tem sido constatado que o
Eletrocardiograma com padrões de isquemia ventricular aguda é seguido pelo
desenvolvimento de secundária disfunção ventricular regional bem
caracterizada pelos Ecocardiogramas seriados que mostram o retorno
espontâneo ao estado anterior coincidente com a cessação da
sintomatologia.
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