Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio
Hipertensão Arterial Não Se Cura, Se Controla!
Quintiliano H. de Mesquita, Cardiologista
Na década de 40 não se contava com uma terapêutica capaz de controlar a hipertensão arterial. O único recurso era a imposição da “dieta sem sal” que poucos aceitavam e por isso mesmo muitos pagaram elevado tributo, ao sofrerem graves processos hemorrágicos cerebrais seguidos de morte ou de paralisias incapacitantes; evolução para grandes aumentos do coração, insuficiência cardíaca e enfarte do miocárdio.
Naquela época, autores estrangeiros recomendaram a “dieta do arroz” que, em verdade, se baseava na “dieta sem sal”. Curiosamente, os médicos de então embarcaram naquela canoa. Particularmente, quando argüidos sobre nossa experiência com tal dieta, respondíamos sempre de maneira jocosa de que havíamos adotado uma manobra melhor: temos recomendado aos nossos hipertensos a naturalização chinesa e a observância da “dieta sem sal”.
Foi uma época de grandes acidentes clínicos e até os cirurgiões aproveitaram e entraram também com suas técnicas de extirpação extensa de cadeias ganglionares simpáticas paravertebrais que não levaram a nada de concreto; uma vez que tinham efeitos transitórios sem atingirem a causa específica. Apesar de muito jovem não contribuímos com nossos hipertensos para tais tentativas, tendo aquela cirurgia merecido nossa formal condenação logo no seu aparecimento.
Essa época durou pouco, pois logo começaram a surgir e em escala crescente os medicamentos úteis que atuavam benéfica e eficazmente no controle da hipertensão. Hoje em dia, contamos com rico arsenal terapêutico que proporciona a utilização de esquemas simples ou complexos, segundo a exigência e o comportamento de cada caso.
A “dieta sem sal” foi substituída por uma dieta mais liberal, em que se passou apenas ao controle da quantidade de sal, evitando-se o hábito do saleiro na mesa que aumenta o prazer de alguns, mas agrava o estado dos hipertensos.
O portador de hipertensão arterial que na maioria das vezes é completamente assintomático, deve submeter-se à terapêutica específica permanentemente e ajustada sempre de acordo com suas próprias exigências e necessidades, tendo sempre presente que, nos dias de hoje, eles têm um tratamento com respostas bem definidas.
Observam-se reduções do tamanho do coração daqueles que se apresentam com considerável hipertrofia do ventrículo esquerdo; bem como maior proteção contra os riscos de acidentes hemorrágicos cerebrais, insuficiência cardíaca, enfarte miocárdico e morte súbita.
Como conseqüência dos grandes progressos terapêuticos, os hipertensos passaram a gozar de vida mais segura e prolongada sobrevida com níveis pressóricos dentro da normalidade, desde que mantidos sob medicação continuada.
A hipertensão arterial ao longo do tempo e segundo a capacidade de resistência de cada um, compromete mecanicamente por ação direta o coração, os vasos arteriais dos rins, cérebro e do fundo dos olhos, causando efeitos bem evidentes e graves.
É importante que o médico transmita a seu paciente hipertenso, informações sobre a sua doença e da necessidade absoluta de submeter-se decididamente à s prescrições e cuidados que constituem o controle constante e seguro de seus níveis pressóricos; induzindo-o à convicção de que a hipertensão arterial não se cura, se controla!
Além disso, deve ter sempre presente que a pressão arterial acompanha a cabeça em suas reações na vida diária; em bom nível, durante os momentos de calma, tranqüilidade e descanso; e, imediatamente, exaltada ou elevada nos momentos de tensão, sobrecargas físicas e psico-emocionais.
|