Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio
Tratamento
Clínico & Estatísticas: Mortalidade Após Enfarte do Miocárdio
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Na avaliação da mortalidade após o enfarte do
miocárdio, comparando o grupo recebendo medicação com o grupo de controle
(pílula de farinha - placebo), nos 4 tipos de tratamento clínico no
pós-enfarte que serão apresentados - beta-bloqueador, estatina, aspirina e
digital - reproduziremos apenas os números estatísticos relacionados
com o RRA e o NNT, os quais geram maior impacto na prática clínica.
Para maiores informações sobre o que significam redução do risco relativo,
redução do risco absoluto e NNT veja no artigo
"Prevenção
& Estatísticas: A Chance de
Sobreviver Com e Sem Tratamento"
Medidas do Efeito da Terapia na Mortalidade
Beta-bloqueador
O Estudo Capricorn
(1,2), envolvendo 1959 pacientes com disfunção
ventricular esquerda após o enfarte do miocárdio agudo, em um seguimento
médio de 15 meses, mostra as seguintes chances de benefício nos pacientes
tomando beta-bloqueadores comparativamente ao placebo:
- Mortalidade total em 15 meses: 11,9% (beta-bloqueadores) x 15,3%
(placebo)
- Redução do risco absoluto na mortalidade = 3.4%
- NNT para prevenir um óbito em todo o estudo = 28
- NNT para prevenir um óbito em um ano do tratamento = 43
O NNT desse estudo significa que:
* 43 pacientes necessitam serem tratados com beta-bloqueadores para
prevenir um óbito em um ano de tratamento.
* 28 pacientes necessitam serem tratados com beta-bloqueadores para
prevenir um óbito durante o seguimento de 15 meses.
Estatina
Estudo realizado em 4.159 pacientes acometidos de enfarte agudo do
miocárdio, com níveis médios de
colesterol
(3), selecionados aleatoriamente para tratamento com pravastatina ou placebo e seguidos por uma média de 5 anos, mostra que não
houve efeito estatisticamente significativo na mortalidade por todas as
causas (9,4% x 8,7%).
A redução na incidência do enfarte do miocárdio não
fatal foi de 11,1% para 8,7% (RRA = 2,4%) e NNT = 42, isto é a necessidade
de tratar 42 pacientes por 5 anos para evitar um único enfarte do
miocárdio não fatal.
Obs: Outros exemplos de RRA e NNT, no artigo Estatinas na Prevenção:
Muitos Riscos, Poucos Beneficiados! Em
http://www.infarctcombat.org/polemica-31/icem.html
Aspirina
a) O Estudo ISIS-2
(4), de curto prazo, no qual foram selecionados
aleatoriamente 17.187 pacientes com suspeita de enfarte agudo do
miocárdio, metade para aspirina metade para placebo, mostrou uma redução
em 5 semanas para todas as causas de mortalidade de 9,4% (811/8597) para
aspirina versus 12% (1030/8600) para placebo, representando um RRA na
mortalidade = 2.6% e um NNT = 38
b) Diversos outros estudos de longo prazo usando aspirina após o enfarte do
miocárdio também não mostraram nenhum efeito na mortalidade. Ao contrário eles
reportaram um aumento na morte súbita durante os testes pós-enfarte
(5, 6,
7, 8)
Obs: Outros exemplos de RRA e NNT, no artigo Aspirina na Prevenção do
Enfarte. Os Eventuais Benefícios Superam os Riscos Potenciais? Em
http://www.infarctcombat.org/polemica-18/icem.html
Digital
a) O grupo de estudos Sprint
(9) achou, em um ano, a muito baixa taxa mortalidade
de 2% em pacientes se recuperando de enfarte agudo do miocárdio tratados
com digoxina em baixa dosagem (1 de 41 pacientes).
b) Estudo brasileiro
(10), que teve um seguimento de 28 anos, verificou
uma taxa
de mortalidade de apenas 41% (1.4% ao ano) em 156 pacientes se
recuperando de enfarte agudo do miocárdio, tratados com a digital (Digoxina,
Digitoxina, Acetildigoxina, Beta-metildigoxina ou Lanatoside-C).
A
medicina precisa, enormemente, de pacientes melhor esclarecidos para
lidarem com os riscos da desinformação e na escolha de seu
tratamento.
No final das contas é o paciente que
necessita assumir a responsabilidade de conhecer sobre o tratamento que está
recebendo.
Porquê? A razão é que mesmo que legalmente o médico seja o
responsável, qualquer conseqüência adversa na saúde será sentida
pelo paciente e somente pelo paciente. |
Referências:
1. Otterstad JE, Ford I. The effect of carvedilol in patients with
impaired left ventricular systolic function following an acute
myocardial infarction. How do the treatment effects on total mortality
and recurrent myocardial infarction in CAPRICORN compare with previous
beta-blocker trials? Eur J Heart Fail. 2002 Aug;4(4):501-6.
2. Borrello F, Beahan M, Klein L. Reappraisal of beta-blocker therapy
in the acute and chronic post-myocardial infarction period. Rev
Cardiovasc Med. 2003;4 Suppl 3:S13-24.
3. Sacks F, Pfeffer M, Moye L, et al, The effect of pravastatin on
coronary events after myocardial infarction in patients with average
cholesterol levels, New England Journal of Medicine, 335:1001-9.
October 3, 1996
4. ISIS-2 Collaborative Group. Randomised trial of intravenous
streptokinase, oral aspirin, both, or neither among 17,187 cases of
suspected acute myocardial infarction. Lancet 1988;ii:349-360
5. The Persantine-Aspirin Reinfarction Study (PARIS) Research Group.
Persantine and aspirin in coronary disease. Circulation
1980;62:449-462
6. The Aspirin Myocardial Infarction Study Research Group. The aspirin
myocardial infarction study: final results. Circulation
1980;62:V79-V84
7. Klimit CR, Knatterud GL et al. Persantine-aspirin reinfarction
study. Part II. Secondary coronary prevention with persantine and
aspirin. J Am Coll Cardiol 1986;7:251-269
8. John G F Cleland. For Debate, Preventing atherosclerotic events
with aspirin, BMJ, 324:103-105, Jan 12, 2002
9. Leor J, Goldbourt U et al. Digoxin and increased mortality among
patients recovering from acute myocardial infarction: importance of
digoxin dose, Cardiovasc Drugs Ther 1995 Oct;9(5):723-9
10. Quintiliano H de Mesquita, Claudio A S Baptista. Cardiotonico:
Insuperável na preservação da estabilidade miocárdica como preventivo de
síndromes coronárias agudas e responsável pela prolongada sobrevida,
Ars Cvrandi, May 2002;35:3 (Veja discussão em
http://www.infarctcombat.org/polemica-20/icem.html
)
Veja também
O BOLETIM
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