Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio

 


 

Cardiotônicos: Uma Excelente Solução para a Prevenção e Tratamento da Doença Cardíaca

 

"A diferença entre o remédio e o veneno está na dose" Paracelso (1493-1541)

 

O que são Cardiotônicos

 

São agentes que têm um efeito fortificante no coração, ou que podem aumentar o rendimento cardíaco. Eles podem ser glicosídeos cardíacos, simpaticomiméticos ou outras substâncias cardioativas endógenas ou exógenas.

 

Termos relacionados

 

Estimulantes cardíacos, agentes cardioprotetores, agentes inotrópicos positivos, estimulantes miocárdicos, tônicos cardíacos, agentes cardioativos.

 

Uso geral dos cardiotônicos

 

Na insuficiência cardíaca congestiva, na descompensação cardíaca, na cirurgia cardíaca, no choque cardiogênico, na angina estável e instável e na prevenção e tratamento do enfarte agudo do miocárdio, segundo os preceitos da Teoria Miogênica que o relaciona ao enfraquecimento do músculo cardíaco que precisa ser revigorado (A Doença).

O Dr. Quintiliano H. de Mesquita diz em seu livro Teoria Miogência do Enfarte Miocárdico que o papel do cardiotônico é o de completar os efeitos da circulação colateral e assegurar a preservação funcional do miocárdio isquêmico, consequentemente evitando o enfarte. Veja em http://www.infarctcombat.org/TeoriaMiogenica.html  

 

Cardiotônicos existentes

 

A) Glicosídeos cardíacos

 

Os mais fortes e efetivos remédios cardioativos, tradicionalmente usados na medicina convencional. Eles são necessários especialmente na fase onde efeitos mais rápidos devem ser conseguidos na medicação.

 

Ex: A digital e seus derivados (Digoxina, Digitoxina, Acetildigoxina, Beta-metildigoxina ou Lanatoside-C), a estrofantina, a proscilaridina-A, etc..

 

Notas:

1) No tratamento da insuficiência cardíaca e na prevenção do enfarte do miocárdio através de digitálicos, dosagens mais baixas são, freqüentemente, tão ou mais efetivas do que dosagens mais altas. Estudos mostraram que dosagens mais altas da digital, anteriormente consideradas como terapêuticas (concentrações da digital no soro de 1.0 a 1.5 ng/ml) podem predispor a arritmias e ao aumento no risco de mortalidade (1, 2, 3, 4, 5, 6)

2) Além de sua propriedade inotrópica positiva, estimulando a contratilidade cardíaca, os digitálicos exercem efeitos neurohormonais potencialmente benéficos, produzindo uma redução da noradrenalina no plasma, especialmente em baixas dosagens. Isso traz como resultado: a) Na insuficiência cardíaca congestiva melhora a sintomatologia e protege contra o processo de deterioração progressiva da função cardíaca b) Os digitálicos, bloqueando a noradrenalina, também podem ajudar na prevenção do infarto do miocárdio provocado por estresse mental (7, 8, 9, 10).

3) A estrofantina em baixa dosagem também reduz a produção da noradrenalina (norepinefrina), que é um hormônio do estresse (16).

4) Somado aos seus efeitos benéficos para o coração, os glicosídeos cardíacos têm revelado ação anti-cancerígena (17) e de neuroproteção contra acidentes vasculares cerebrais isquêmicos (18).

 

B) Cardiotônicos existentes na circulação humana

 

Fatores endógenos do tipo digital (Ex: digital, estrofantina/ouabaína, proscilaridina-A, marinobufagenin) e outras substâncias orgânicas, naturais no ser humano, e que têm a propriedade de aumentar a força contrátil do músculo cardíaco (artigo/ ICEM, 2004). 

Outros cardiotônicos endógenos: apelin, coenzima Q10, piruvato, L-carnitina e taurina (artigo ICEM, 2004). 

 

C) Fitoterápicos cardioativos

 

São remédios cardioativos que têm efeito a longo prazo, podendo servir em alguns casos como agentes coadjuvantes aos digitálicos e a estrofantina para otimizar seu efeito. Existem dois grupos de constituintes não tóxicos achados em ervas empregadas na doença cardiovascular: Os flavonóides e os triterpenes.

 

Ex: Crataegus oxycantha, Terminalia arjuna, Astragalus membranaceus, Inula racemosa, Ginkgo biloba, Ganoderma lucidum, Ginseng, etc...

 

D) Algumas frutas, vegetais e bebidas com propriedades cardioprotetoras

 

Recentemente os flavonóides e alguns carotenóides, que contenham licopeno, encontrados em algumas frutas, vegetais e bebidas foram associados a benefícios cardiovasculares, quando habitualmente tomados na dieta. Além de serem anti-oxidantes podem ajudar a manter o músculo cardíaco. Entre eles a soja, o alho, a uva, e o vinho tinto já com alguns estudos comprovando os benefícios (11, 12, 13).

 

Ex: Acerola, agrião, alcachofra, alecrim, alho, aspargos, beterraba, cacau, café, cebola, chá verde, chuchu, erva mate, espinafre, figo da índia, gengibre, girassol, goiaba, graviola, guaraná, maça, melancia, nozes, papaia, pimenta do reino, romã, salsa, soja, stévia, tomate, uva rosada, vinho tinto, etc...

 

E) Outras fontes alimentícias com propriedades cardioprotetoras

  1. Ácidos graxos chamados de ômega 3, à base de óleo de peixe (14, 15, 19). Alguns peixes ricos em ômega 3 são: salmão, atum, arenque, bacalhau e sardinha.

  2. Alimentos ricos em coenzima Q10. Entre eles diversos peixes (salmão, arenque, cavala e sardinha) e plantas (soja, espinafre e amendoim).

Bibliografia

1. Rathore SS, Curtis JP, Wang Y, Bristow MR, Krumholz HM, Association of serum digoxin concentration and outcomes in patients with heart failure, JAMA. 2003;289:871-878

2. Relationship of serum digoxin concentration to mortality and morbidity in women in the digitalis investigation group trial: a retrospective analysis, Adams KF Jr, Patterson JH, Gattis WA, O'Connor CM, Lee CR, Schwartz TA, Gheorghiade M., J Am Coll Cardiol. 2005 Aug 2;46(3):497-504

3. Digoxin may reduce the mortality rates in patients with congestive heart failure, Wang L, Song S., Med Hypotheses. 2005;64(1):124-6.

4. Leor J, Goldbourt U et al. Digoxin and increased mortality among patients recovering from acute myocardial infarction: importance of digoxin dose, Cardiovasc Drugs Ther 1995 Oct;9(5):723-9

5. Efeitos do cardiotônico + dilatador coronário na coronário-miocardiopatia crônica estável, com e sem enfarte prévio, a longo prazo, Quintiliano H. de Mesquita, Cláudio A S Baptista, Sóstenes V Kerbrie, Sônia Mendonça Mari, Maria Consuelo B M Grossi e José Monteiro, Ars Cvrandi,setembro de 2002;35:7

6. Cardiotônico: insuperável na preservação da estabilidade miocárdica como preventivo das síndromes coronárias agudas e responsável pela prolongada sobrevida, Quintiliano H de Mesquita, Cláudio A S Baptista, Ars Cvrandi, maio de 2002;35:3.

7. Effect of long-term digoxin therapy on autonomic function in patients with chronic heart failure, Krum H, Bigger JT Jr, et al. J Am Coll Cardiol 1995 Feb, 25(2):289-94

8. Effects of increasing maintenance dose of digoxin on left ventricular function and neurohormones in patients with chronic heart failure treated with diuretics and angiotensin-converting enzyme inhibitors, Gheorghiade M, Hall Vb et al. Circulation 1995 Oct 1;92(7):1801-7

9. The level of plasma neuroendocrine activity and the concentration of digoxin in the serum of patients with mild chronic heart failure, Jablecka A et al. Int J Clin Pharmacol Res 1998;18 (4):171-8

10. O estresse mental no desencadeamento do infarto agudo do miocárdio (artigo/ICEM, 2005)

11. Dietary flavonoids and risk of coronary heart disease. Mojzisova G, Kuchta M., Physiol Res. 2001;50(6):529-35.

12. Intakes of antioxidants in coffee, wine, and vegetables are correlated with plasma carotenoids in humans. Svilaas A, Sakhi AK et al, J Nutr. 2004 Mar;134(3):562-7.

13. Dietary lycopene, tomato-based food products and cardiovascular disease in women. Sesso HD, Liu S, Gaziano JM, Buring JE, J Nutr. 2003 Jul;133(7):2336-41.

14. Cardiac membrane fatty acid composition modulates myocardial consumption and postischemic recovery of contractile function, Pepe S, McLennan PL, Circulation. 2002 May 14;105(19):2303-8

15. Early protection against sudden death by n-3 polyunsaturated fatty acids after myocardial infarction: time-course analysis of the results of the Gruppo Italiano per lo Studio della Sopravivenza nell'Infarto Miocardico (GISSI)-Prevenzione, Marchioli R, Barzi F, Bomba E, et al. Circulation. 2002 Apr 23;105(16):1897-903.

16. Mechanism of inhibition of catecholamine release from adrenal medulla by diphenylhydantoin and by low concentration of ouabain (10 (-10) M). Gutman Y, Boonyaviroj P. Naunyn Schmiedebergs Arch Pharmacol 1977 Feb;296(3):293-6.

17. Estudos mostram que os digitálicos (remédios cardíacos) inibem a proliferação de células, induzem a apoptose e reduzem a mortalidade por câncer  (artigo/ICEM, 2005)

18. Glicosídeos cardíacos na prevenção de derrame (artigo/ICEM, 2006)

19. Dietary Fish and n-3 Fatty Acid Intake and Cardiac Electrocardiographic Parameters in Humans, Dariush Mozaffarian et al, J Am Coll Cardiol, 2006; 48:478-484

 

Veja também

 

O BOLETIM