Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio
Perfil do Coronário
Quintiliano H. de Mesquita, Cardiologista
O perfil do paciente portador de angina do peito provocada por esforço físico, tensão psicoemocional ou inesperadas emoções, é representado como um indivíduo amedrontado, desinformado, angustiado e temeroso de se desincumbir da execução normal de sua vida comum, então marcada por crises de dor no peito, com características alarmantes de opressão, queimação ou ardência, acompanhada de simultânea propagação para o pescoço, mandíbula, costas, ombros e membros superiores, ao lado de palidez, extremidades frias e suores na fronte e precórdio.
A duração de alguns minutos, a variação de intensidade e a cessação da crise dolorosa com a interrupção do esforço e o reaparecimento da fenomenologia com novo esforço da mesma grandeza e a sucessiva cessação da dor com a parada do esforço, confundem o paciente e o amedrontam, tornando-o temeroso em executar a sua atividade normal; entretanto, começa a verificar a relação do esforço e o desencadeamento da dor, bem como a sua cessação com a interrupção do esforço. De outro lado, a provocação da dor por inesperadas emoções ou por tensão psicoemocional, vem confundir ainda mais o paciente porque as crises dolorosas são mais demoradas e a cessação é gradual e lenta, acompanhadas pelo pavor e sensação de grave evolução e medo de morrer.
Nessas condições, o paciente torna-se acovardado com o caráter recidivante de sua doença anginosa, o que lhe dá a impressão de chegar à incapacidade de exercer uma vida útil, tornando-se um individuo inválido ou de repente ser presa de graves e maiores complicações. Tais pacientes reduzem a sua atividade física, muitos têm medo de alimentar-se, porque com o estômago cheio sentem mais facilmente reduzida a sua tolerância frente a simples marcha, com o aparecimento da crise dolorosa.
Dessa maneira, o paciente anginoso torna-se estigmatizado como indivíduo deprimido, sem horizonte, acovardado, amedrontado, aflito e temeroso, carente de informação segura sobre o mal que o devora e confuso por tudo que se passa consigo. É assim a presa fácil para ser conduzido: condenado ao infortúnio nas trevas da desinformação ou salvo pela informação segura, tornando-se capaz de conduzir-se sem mais temores, tendo uma convivência pacifica com o sintoma dor ou seu equivalente, criando parâmetros próprios e individuais, estabelecidos com a ajuda do registro da dor do peito, como marcas dos limites de sua tolerância, até que conscientizado acerca de sua doença passará a considerar o sintoma dor que antes tanto o afligia como o aliado e a advertência da ocasional ultrapassagem de sua própria tolerância física dentro do seu estado patológico.
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