Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio
O Efeito Placebo, a Neurectomia Sensorial e o Enfarte Provocado: Teorias que Explicam o Efeito da Cirurgia de Ponte de Safena no Alívio dos Sintomas da Angina
O Dr. Manu Khotari, Professor e Chefe do Departamento de Anatomia do Seth GS Medical College de Mumbai - Índia, autor de diversos livros e artigos médicos, deu em 12 de junho de 2000 uma entrevista a Jethu Mundul do AidsMith Dissident News, que a reproduziu sob o título “A Ignorância Médica & A Democracia do Intelecto”. Dela extraímos o seguinte trecho onde relata as possíveis razões do alívio dos sintomas da dor de angina como efeito da cirurgia de ponte de safena:
“Vamos agora para a cirurgia de ponte de safena. Vamos tomar os largos volumes, volumes 1 e 2, do Compêndio de Medicina de Harrison. Aproximadamente 2500 páginas, as quais acompanhei da décima a décima quarta edição, 1983 a 1998! 15 anos e 5 edições! E você vai para a seção de cirurgia de ponte de safena ... e o que ela diz? Nós não sabemos como a cirurgia de ponte de safena funciona! Não obstante são apresentadas 3 teorias que poderiam dar a explicação para isso. Elas são: 1. Placebo é efetivo em 64% dos casos. A informação destes 64% eu consegui em outro livro, mas não é de admirar que o New York Times uma vez descreveu a cirurgia de ponte de safena como uma custosa aspirina! Tudo bem, você gasta um bocado de dinheiro e fica convencido de que a coisa certa foi feita. 2. Neurectomia Sensorial. Por causa do pericárdio ser cortado, os nervos são cortados (destruição das fibras nervosas normais). Mas, se o companheiro não sente a dor, ele não fica mais alarmado. (Descrita pelo Dr. Efrain Olszewer, em seu livro “Safenando aos Safenados – Despindo a Cirurgia de Ponte de Safena” como: ‘denervação cirúrgica dos nervos que emitem e/ou transmitem as sensações de dor representadas pela angina do peito’). 3. E talvez o pior esteja em preto e branco. “A cirurgia de ponte de safena provavelmente funciona por enfartar o segmento isquêmico”; traduzindo em uma linguagem mais simples, significa, a cirurgia de ponte de safena – mata o segmento queixoso. Desta forma o segmento é morto. Seus nervos são mortos e o companheiro está imediatamente livre da dor na mesa de operação. Mas como moral da estória... a cirurgia de ponte de safena é uma cirurgia muito muito não-científica para dizer o mínimo.
Eu tenho o livro “A História da Revascularização Coronária”, escrito em 1978 por Richard Preston, um cardiologista de Brooklin. Neste livro disse que perguntou a um cardiologista amigo porque eles estavam vendendo uma operação tão pobre de lógica. A resposta foi uma consideração da parte econômica. Este é um mercado, meus clientes desejam comprar, e eu desejo vender!” (1)
Em artigo no grupo de discussão sci.med.cardiology, sobre cardiologia na Internet, o Dr. Howard Wayne fala de outras possíveis razões para o alívio dos sintomas da dor no peito como efeito da cirurgia de ponte de safena (2): “Realmente, a primeira cirurgia cardíaca relacionada com revascularização aconteceu no início dos anos 30 pelo Dr. Claude Beck de Cleveland. Foi ele que polvilhou talco e também asbestos na superfície do coração na esperança de induzir uma ação inflamatória que criasse novos vasos. Ele também usou uma variedade de outras técnicas tais como usar o omento/epíploo (tecido que recobre o intestino) colocando-o diretamente na superfície do coração. Estes procedimentos foram feitos para pacientes coronários com dor de peito intratável. Embora a mortalidade associada com tal cirurgia fosse relativamente alta, se o paciente sobrevivesse à cirurgia, 90% deles teriam alívio de seus sintomas, mesmo que a artéria coronária obstruída permanecesse obstruída”.
Conseqüentemente, existe uma boa razão para acreditar que pacientes os quais são submetidos à cirurgia de ponte de safena coronária, embora eles consigam alívio da dor em 80% das vezes, este alívio pode ser devido a outros mecanismos tais como abrir o pericárdio (como afrouxar o cinto após uma larga refeição), cortando as fibras nervosas que vão para o músculo cardíaco, a ocorrência de enfarte durante a cirurgia eliminando a fonte da dor, a redução da pressão sangüínea durante a convalescença, a perda de peso que ocorre após uma grande cirurgia, o efeito placebo da operação, a desistência do hábito de fumar, a eliminação do estresse durante a recuperação, a retomada de um programa de exercícios físicos durante a convalescença, e acima de tudo, o desenvolvimento de novos vasos colaterais na vizinhança da obstrução. Sem dúvida isto explica porque a maioria dos pacientes do Dr. Claude Beck conseguia alívio de sua doença, e porque os pacientes de hoje que se submetem a revascularização obtém alívio pelas mesmas razões.”
Sobre o assunto, os pesquisadores Henry D McIntosh e Jorge A Garcia escrevem na revisão que fizeram sobre a primeira década da cirurgia de ponte de safena, publicada no Circulation (3): “Muitos observadores, inclusive os autores, acreditam que o alívio regular da dor após a cirurgia de ponte de safena é resultante de uma perfusão coronária aumentada e abolição de áreas de ischemia. É possível que outros mecanismos possam funcionar em pacientes individuais. Diversas explicações têm sido propostas como mecanismos pelos quais a dor da doença isquêmica do coração poderia ser aliviada por procedimentos cirúrgicos, incluindo cirurgia de ponte de safena: 1) fluxo de sangue aumentado além dos pontos de obstrução significativa, conseqüentemente abolindo a isquemia miocárdica; 2) denervação das áreas isquêmicas por manipulação de vasos e / ou epicárdio; 3) produção de enfarte no peri-operatório tornando o músculo cardíaco em cicatriz, ou a progressão da doença na circulação nativa causando obstrução ao fluxo sangüineo para áreas isquêmicas resultando em um ou mais enfartes pequenos não demonstrados pelo ECG; 4) efeitos de placebo não específicos da cirurgia."
Referências: 1.Veja a integra da entrevista do Dr. Manu Khotari em: http://www.iol.ie/~gittons/aids/articles/medicalignorance.htm 2. When it was first heart surgery performed? - Newsgroup sci.med.cardiology de Jun, 15 1998. 3. The First Decade of Aortocoronary Bypass Grafting, 1967-1977. A Review, Henry D MacIntosh e Jorge A Garcia, Circulation, March 1978;57:3
|