Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio
Das Denúncias Contra a Cirurgia Cardíaca
O Doutor Thomas A Preston, que foi Professor de Medicina por mais de 20 anos na Universidade de Washington e Chefe de Cardiologia do Pacific Medical Center em Seattle Washington, além de ser conhecido nacionalmente nos EUA como defensor dos direitos dos pacientes e autor de vários livros entre os quais “Coronary Artery Surgery: A Critical Review, “The Clay Pedestal” e mais recentemente “Final Victory: Taking charge of the last stages of life, facing death on your own terms”, editado pela Prima Publishing em 2000, escreveu artigo em 1985 (1), com criticas a cirurgia da ponte de safena, de onde retiramos os seguintes trechos:
“A cirurgia de ponte de safena é usada em exagero, freqüentemente ineficaz e absurdamente cara. É o epítome da moderna tecnologia médica, e da forma que ela é agora praticada, seu efeito líquido sobre a saúde da nação é provavelmente negativo”. A cirurgia de ponte de safena consome mais de nosso dólar médico do que qualquer outro tratamento ou procedimento. Embora ela seja realizada menos freqüentemente que a maioria das operações abdominais e ginecológicas, ela é a líder em termos de equipamentos e pessoal, espaço no hospital e total de rendimentos associados. A operação é enobrecida pela imprensa popular, enaltecida pela profissão médica, e ativamente procurada pelo publico consumista. A operação não cura pacientes, ela é escandalosamente e exageradamente usada, e seu alto custo drena recursos de outras áreas necessitadas. Quase metade das operações de ponte de safena realizada nos EUA é desnecessária. Uma década de estudo científico mostrou que com exceção de certas situações bem definidas, a cirurgia de ponte de safena não salva vidas, ou mesmo previne enfartes: entre pacientes que sofrem de doença coronária, aqueles que são tratados sem cirurgia gozam das mesmas taxas de sobrevida que aqueles submetidos à ponte de safena. Mesmo assim muitos médicos americanos continuam a prescrever a cirurgia imediatamente ao aparecimento da angina, ou dor no peito.”
“Durante 1969 o procedimento estava sendo realizado em quase todos os maiores centros médicos da nação. Uns poucos médicos advertiram contra essa não testada e não provada terapia, mas a maioria simplesmente tomou fé que a operação aliviaria angina, preveniria enfartes, e prolongaria a vida. Chamadas para estudos científicos, quanto à eficácia da operação, foram rejeitados como se fossem desnecessários, e cardiologistas e cirurgiões recusaram, argumentando que seria antiético, impedir a cirurgia de alguns pacientes até que estudos comparativos pudessem ser feitos, porque eles “sabiam” que aqueles pacientes iriam morrer sem a cirurgia. Enquanto isso, seus proponentes clamavam em relatórios médicos que pacientes submetidos a cirurgia de ponte de safena foram restabelecidos ao normal, ou mesmo com uma expectativa de vida melhor que o normal. Tal era a profundidade da sua convicção.”
“Seja qual for a proporção real dos benefícios imaginados, o crescimento rápido da cirurgia de ponte de safena criou a necessidade de mais força de trabalho na sala de operação. No meio dos anos 70, o numero de cirurgiões treinados para fazer a cirurgia de ponte de safena aumentou em uma freqüência de 10 a 15% cada ano e como esses cirurgiões procuraram outros locais apropriados para praticar seu negócio, o número de hospitais fazendo cirurgia cardíaca simplesmente dobrou. Quase toda pequena cidade na América agora tem um time cirúrgico competindo com antigos centros de referência, e qualquer hospital aspirando a ser um “centro médico completo” procura ter um time próprio – não simplesmente para prestigio mas porque a operação é o mais largo produtor de rendimentos no campo da saúde.”
“Os cirurgiões invariavelmente mantêm que a decisão de operar um paciente é baseada mais propriamente em fatores médicos do que na capacidade dele para pagar a cirurgia. De fato, eles dizem: “Nós estamos somente operando pacientes os quais os cardiologistas nos dizem para operar”. É verdade, quase todos os pacientes são afunilados para a cirurgia pelo cardiologista. Mas o cardiologista é sujeito a incontáveis puxa e empurra não-médicos. Alguns destes vem do próprio paciente: pacientes desejam que alguma coisa seja feita, e se o cardiologista deseja referências, ele fará o que pode ser feito. A maior parte do negócio dos cardiologistas hoje em dia é com pacientes que têm doença coronária.. A doença pode ser diagnosticada por simples questionamento, e tratamentos por remédios não requerem testes especiais. Os caros testes que produzem a maior parte do honorário do cardiologista ( cateterismo, etc) são usados primariamente para ver se a cirurgia é possível, e dar ao cirurgião a informação necessária para sua realização. O cardiologista e o cirurgião cardíaco são conseqüentemente interdependentes no seu trabalho, e cada um influencia o outro. Ambos tem fortes incentivos financeiros para promover a cirurgia de ponte de safena.
“Mesmo se as remunerações tem pouca relação direta nas decisões individuais de operação, elas claramente influenciam médicos a se especializarem em campos onde eles possam coletar altas remunerações sem uma percepção de conflito. Se isto não é assim, porque existem tantos médicos em treinamento para o lucrativo campo da cirurgia cardíaca, enquanto tão poucos estão se preparando para tratar hipertensão nas cidades do interior, preenchendo assim os vazios nas áreas rurais, e providenciar cuidado primário para o idoso?”.
“Médicos e consumidores de cuidados médicos deveriam igualmente ter duas maiores preocupações quanto a como a cirurgia de ponte de safena é usada. Primeiramente, nós deveríamos estar preocupados com relação aos pacientes de forma individual e se a prática corrente está produzindo ótimos resultados. Será que os pacientes realmente conseguem suficientemente informação para dar o consentimento para a operação? Será que eles fazem idéia que, na média, a operação não prolonga a vida ou previne enfartes? Será que eles sabem dos perigos associados com a própria operação, incluindo um risco de 5% de enfarte na mesa de operação, um risco de 2% de morrer, e cerca de 10% de complicações sérias, tais como derrame, enfraquecimento do músculo cardíaco, ou infecção? Estão eles informados que a menos que estejam tendo angina freqüente ou severa, eles podem sofrer prejuízo líquido da operação? Será que os pacientes entendem que a operação não os cura mas somente é um paliativo, e que o paciente médio pode necessitar uma segunda operação dentro de sete anos, a qual será mais arriscada e com menos sucesso do que a primeira? Quando ao paciente é dito que ele necessita de cirurgia de ponte de safena, são suas opções realmente explicadas a ele? Será que ele faz idéia que o conselho do especialista pode variar de acordo com o que pode ganhar com a operação?”.
1. Journal of Holistic Medicine, Vol. 7 no. 1 spring/summer 1985 (9) Human Sciences Press, New York, pages 8-15.
|