Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio

 


 

Das Denúncias Contra a Cirurgia Cardíaca

 

O Dr. Elmer Cranton, em seu livro Bypassing Bypass, na edição de 2001, dedica um capítulo inteiro a cirurgia de ponte de safena e a angioplastia. Entre outros aspectos ele coloca:

 

"Se a cirurgia de ponte de safena é um procedimento caro, de alto risco e com benefícios limitados, como a pesquisa indica, porque então ela continua a ser uma vencedora incontestável do prêmio 'Operação Mais Popular do Ano'? Porque quase um milhão de americanos se submetem a cada ano a essa cirurgia e outros procedimentos invasivos arteriais coronários, custando quase US$ 50.000, que não irão curar sua doença básica e têm uma chance de fazê-los pior? Essa é uma boa questão.

 

A cirurgia de ponte de safena, uma dramática operação, tem sido beneficiária de considerável manchete pela mídia." No início dos anos 1970, ela representou o máximo de sofisticação na tecnologia médica, tornada possível pelo aperfeiçoamento das máquinas de coração-pulmão. Jornais, revistas e emissoras de televisão, sempre ávidos no sentido de sensacionalizar a ciência com apelo melodramático, rapidamente procuraram capturar cada momento que era saudado como um prodígio médico.

 

O público em geral respondeu como era esperado. As pessoas com angina e outros problemas relacionados com o coração começaram a procurar os cirurgiões do coração, algumas vezes sem consultar seu médico de família. A comunidade médica reagiu de forma ingênua. Não é apenas o homem médio na rua que aprende sobre as novidades na televisão ou em outras mídias, pois as pesquisas mostram que muitos médicos também confiam em publicações leigas para estar informado sobre questões médicas correntes. Impassíveis pela falta de provas quanto as vantagens sobre outras terapias, os especialistas na área cardiovascular abraçaram a nova tecnologia com entusiasmo questionável.

 

Da noite para o dia a cirurgia de ponte de safena se tornou uma coqueluche. Um procedimento experimental quando primeiramente introduzido, a angioplastia por balão e stents logo a seguiram. Eles se tornaram então um tratamento de escolha para quase um milhão de americanos a cada ano. De fato, em certos círculos sociais, a cicatriz dividindo o esterno representa um símbolo de status.

 

Como, você não se submeteu a cirurgia de ponte de safena ainda?" um executivo pergunta a outro na sala de reunião. A intimação é clara; somente um administrador indigno de ter uma chave para o banheiro executivo escaparia das conseqüências inevitáveis de estar se dedicando àquele trabalho. Mais recentemente, a questão mudou um pouco de "Você já teve sua ponte de safena?" para "Quantas artérias?" Em algumas grandes cidades metropolitanas ser escalado para uma cirurgia cardiovascular abre a porta do clube do "Zipper local.

 

Um procedimento com prestígio? Naturalmente. Ele tem uma imagem glamourosa já que muitas pessoas importantes e famosas o fizeram - os antigos Secretários de Estado Henry Kissinger e Alexander Haig, o rei Khalid da Arábia Saudita, o comediante Danny Kaye, os apresentadores de TV David Letterman e Larry King, e o cantor de música country Marty Robbins. A propósito, este ganhador duplamente premiado com o Grammy, teve 2 cirurgias de ponte de safena. A primeira com um 3 pontes; e então uma com oito horas onde colocou 4 pontes 12 anos mais tarde. Ele morreu uma semana após a segunda operação.

 

A grande moda entre a elite é a de fazer uma ponte de safena preventiva. Eu não estou seguro o que isso significa, mas quando John Y. Brown, governador do Kentucky, e com 49 anos de idade, sofreu dores no peito enquanto fazia o churrasco para o jantar da família, ele foi levado as pressas para o Hospital King's Daughters e 24 horas mais tarde submetido a uma tripla ponte de safena. Seus médicos falaram a imprensa que a operação foi "preventiva", enfatizando que o governador não tinha sofrido um enfarte, dando uma impressão infundada que a cirurgia o protegeria.

 

Tudo isso serve para provar que ricos e famosos muitas vezes não tem melhor aconselhamento médico do que os menos privilegiados.

 

Será que a cirurgia de ponte de safena teria proliferado tão rapidamente e gozasse de tal injustificável popularidade se não fosse tão enormemente lucrativa? Muitos críticos acreditam que ela é um procedimento que escapou do controle, principalmente por causa dos altos valores financeiros envolvidos.

 

"Cada vez que um cirurgião faz uma ponte de safena ele leva para casa um novo carro esportivo," satirizou um cínico, referindo-se aos US$ 15.000 ou mais que é a taxa do cirurgião, providenciando que alguns cirurgiões cardiovasculares tenham uma receita anual superior a US$ 1.000.000.

 

Os cirurgiões não são os únicos beneficiários. A cirurgia de ponte de safena e a angioplastia por balão representam agora uma indústria estimada em US$ 50.000.000 por ano nos EUA, proporcionando uma fonte financeira para hospitais, fabricantes de remédios e equipamentos, e garantindo emprego para uma pequena armada de equipes cirúrgicas e pós cirúrgicas que são altamente especializadas e altamente pagas.

 

Irão as críticas de dentro e de fora da comunidade médica represar a torrente de casos enviados para as suítes cirúrgicas?

 

Possivelmente não," disse um dos cardiologistas principais de São Francisco. "Existe muito dinheiro envolvido. Ela tornou-se uma indústria auto-perpetuante."

 

Talvez os cirurgiões tenham levado isso longe, mas não existe razão para os pacientes procederem da mesma forma.

 

Caso você seja aconselhado a se submeter a cirurgia de ponte de safena ou angioplastia antes de que outros tratamentos sejam satisfatoriamente tentados, ou mesmo considerados, faça a seguitne pergunta: Quais são minhas outras alternativas?"

 

* O Dr. Elmer M Cranton é Diretor Médico das Clínicas Mount Rainier em Yelm, Washington e Mount Rogers em Trout Dale, Virginia. Graduou-se pela Escola Médica de Harvard em 1964, e foi presidente da Associação Médica Holística Americana e da Academia Americana para o Avanço da Medicina. Ele tem vários outros livros publicados nas áreas da nutrição, medicina preventiva e geriatria.

 

Seção Denúncias