Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio
Excessiva Carga de Dilatadores Coronários GerandoInstabilidade Sintomática e Miocárdica
Quintiliano H. de Mesquita, Cardiologista
De nossa interessada convivência com os coronariopatas, reconhecidos como portadores de sintomatologia constante e resistente aos tipos de terapêutica aplicada, tratando-se de pacientes safenados ou não, temos tido a oportunidade de ser consultado por um pequeno grupo de pacientes que nos fizeram recuar diante da medicação em uso e de admitir finalmente que o excesso de dilatador coronário poderia ser a causa de tão constante sofrimento, como já assinalamos em outro artigo sobre o antagonismo entre o cardiotônico e o bloqueador beta adrenérgico .
Assim, tivemos a felicidade de apurar tais casos e comprovar pela eliminação de alguns dos dilatadores e, por conseguinte a redução de dosagem com o desaparecimento imediato da incômoda sintomatologia.
Achamos de bom alvitre exemplificar tais aspectos com um caso muito ilustrativo, como segue: paciente do sexo masculino, advogado, com 56 anos de idade, observado por nós em Março de 1981. Fumante inveterado (20/dia). Referia a seguinte história: sempre gozara de boa saúde até que, há 3 anos, foi subitamente acometido por Enfarte agudo do miocárdio grave que exigiu sua imediata internação hospitalar durante 30 dias. Ao sair do Hospital de Santos, foi enviado para um grupo cardiológico de São Paulo, quando então lhe foram implantadas 3 pontes de safena e 1 de artéria mamária; tendo permanecido sempre sob tratamento sem ser aliviado devidamente da angina de esforço e da provocada por emoções, tendo a sua capacidade funcional muito reduzida frente à sua própria atividade.
Desde o ato cirúrgico até a data de nossa consulta, o paciente já se submetera a 4 cateterismos que sempre o identificaram como muito bem sucedido na cirurgia realizada e sem obstruções secundárias; tendo sido informado de que já havia tido 4 pequenos enfartes segundo seus médicos assistentes. No último cateterismo fora constatada obstrução de 1 artéria coronária. Nos últimos 60 dias, a angina pectoris tornara-se constante mesmo em repouso e frente a qualquer tipo de esforço físico por menor que fosse e apesar de extensa medicação prescrita e administrada; coincidindo com permanente cefalalgia e por tudo isso fazia uso diário de 1 vidro de Novalgina gotas por dia, a fim de conseguir um pouco de alívio para seu estado.
Chegou até nós, tomando a seguinte medicação: Isordil 40 mg a cada 8 horas; Adalat 10 mg 2 capsulas a cada 6 horas; Cordantin 75 mg a cada 8 horas; Digoxina 1 comprimido por dia; Lasix 1 comprimido por dia; Slow-K 2 comprimidos nas 3 refeições; Zyloric 300 mg 1 por dia e Aspirina 500 mg por dia. O paciente era normotenso (116/70 mm de Hg), ritmo sinusal com 80 estímulos por minuto. Bulhas normais. Radioscopia: Moderado aumento do coração. Aorta normal. ECG: Ritmo sinusal; curvas residuais de enfarte anteroseptal. Foi-lhe sugerida a seguinte medicação: Digoxina 2 comprimidos por dia inicialmente e depois a manutenção com 1 só comprimido; Dilacoron 80 mg 3 x dia e Trinitrina sublingual quando necessária. Dez dias depois o paciente voltava ao trabalho e praticamente assintomático, exceto quando executava esforços maiores e principalmente no tempo mais frio.
Os demais casos observados com sintomatologia persistente como decorrentes do excesso de dilatador coronário, eram de pacientes tratados só clinicamente e com o emprego de vários dilatadores coronários simultaneamente.
Temos a impressão de que o uso abusivo do dilatador coronário pode levar o caso assim tratado a um estágio de estagnação circulatória e fluxo coronário lento que dificultariam as trocas metabólicas normais e o suprimento de oxigênio.
Por isso, acreditamos que seja importante observar-se que a soma de tais medicamentos dilatadores coronários, poderia ser praticada se somados não ultrapassassem a média dosagem necessária do global, com parcelas bem menores de cada um, como se fazia ao tempo em que os médicos mandavam manipular suas fórmulas magistrais, quando então se fazia uma combinação qualitativa e quantitativa de medicamentos, de efeitos idênticos assim complementados.
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