Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio
Instabilidade Sintomática Persistente e Resistente a Dilatadores Coronários Provocada pela Associação da Digital e Betabloqueador Adrenérgico
Quintiliano H. de Mesquita, Cardiologista
Nossa experiência com o Coronariopata sob medicamentos vários tem-nos levado à constatação de que não se deve juntar em um mesmo caso a Digital e o Bloqueador beta adrenérgico, porque logo se desenvolve um estado de instabilidade sintomática: Angina instável persistente e resistente aos dilatadores coronários.
Isso tem sido observado por nós em grande número de casos, quando vem à primeira consulta: são facilmente aliviados com a parada de um dos referidos medicamentos e principalmente o Bloqueador beta adrenérgico. Em conseqüência do resultado imediato, temos a impressão de que há uma incompatibilidade farmacológica entre as 2 drogas, muito embora tal associação feita experimentalmente tenha se mostrado aparentemente compatível; no entanto, sempre acreditamos que se possa afirmar que o cão não sabe acusar dor, nem as experiências são praticadas diante das mesmas condições patológicas.
Temos notado sempre que no coronáriopata sintomático, a soma daqueles 2 medicamentos mostra acometimento por instabilidade sintomática, complicando-se o caso como portador aparente de angina instável e simulando a síndrome de pré-enfarte.
Basta que se interrompa tal associação, temos tido o resultado traduzido por acalmia absoluta e imediata, Neste particular, podemos referir a observação do caso de saudoso colega: submetido a implante de pontes de mamária e de safena, 7 meses depois, contava que passara 2 meses sintomaticamente péssimos; 3 meses praticamente assintomático e nos últimos 2 meses pessimamente, tendo ficado impossibilitado de trabalhar em sua clínica. Fomos então consultados quando ele permanecia sob grande sofrimento, continuado, de dor precordial, palidez e extremidades frias, desassossegado e em estado anginoso permanente. Ao sabermos sobre sua medicação com dilatador coronário, digital e betabloqueador adrenérgico, adiamos nosso exame, com a indicação de que deveria suspender de imediato o betabloqueador e manter o restante, na certeza de que tudo desapareceria em 2 ou 3 dias e que o examinaríamos dentro de 1 semana; porque tínhamos a certeza de que a mistura referida trazia em seu bojo a instabilidade permanente. De fato, 3 dias depois tudo havia passado e o colega retornou às suas atividade sem os sofrimentos dos 2 últimos meses. No dia do exame liberei-o e o aconselhei a procurar seu antigo médico cardiologista e contar-lhe simplesmente o ocorrido, para que ele não fizesse mais aquela mistura em outros pacientes, por serem tais medicamentos incompatíveis ou antagônicos, pelo menos no homem.
Tais casos são freqüentes e perturbadores, porque a experimentação neste particular se mostra enganosa e a clínica é realmente soberana e verdadeira na consagração das compatibilidades e incompatibilidades no homem.
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