Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio
O Direito de Escolha do Coronário Quanto ao Tratamento
“Fazer o que é de melhor interesse para o paciente com prévio consentimento dele”
A linguagem da ética médica é poderosa mas muitas vezes tem pouco a ver com a realidade se não são oferecidas pelo médico ao paciente as opções de escolha com todo esclarecimento necessário sobre os tratamentos disponíveis.
Richard A. Lange e L. David Hillis em editorial no New England Journal of Medicine citam, entre os fatores que levam a angiografia e revascularização serem realizadas em pacientes com síndrome coronária aguda, mesmo sem uma óbvia indicação, que em uma era na qual procedimentos cardíacos invasivos são manifestações de alta tecnologia muitos pacientes e seus familiares esperam e insistem no tratamento agressivo. Acrescentam que o tratamento conservador pode projetar a impressão (tanto a médicos como a pacientes) de obsolescência, inadequação e inferioridade.
Na verdade o que ocorre é uma grande distorção junto ao público, pois o tratamento clínico conservador constitui o pilar de sustentação da Medicina desde a antiguidade e consagra a atividade médica no sentido lato da palavra. O tratamento cirúrgico através dos tempos constitui o reconhecimento da fatalidade e da incapacidade clínica frente à condições em que o cirurgião é chamado a extirpar radicalmente o mal pela raiz. Obviamente, não se pode aceitar a participação da cirurgia paliativa em competição com a clínica, porque este não é o seu papel.
De outro lado também não se pode confiar nas informações médicas veiculadas pela mídia. Conforme diz Hanz Ruesch em seu livro “Naked Empress or The Great Medical Fraud”, publicado pela Editora CIVIS em 1992: “A Propaganda através de sistemática e cuidadosamente preparada deturpação, distorção ou supressão da informação pela mídia de massa é um fenômeno ainda mais sinistro nas nossas tão chamadas democracias, onde ele acontece e não é detectado pela maioria das pessoas. Considerando o regime democrático em que vivem, a maioria dos cidadãos é convencida que se a informação que recebem de várias fontes nacionais são unânimes, ela deve refletir a verdade. Mas, realmente, eles estão gravemente iludidos”
Assim, compete ao médico o esclarecimento básico sobre a patologia coronária e sobre as opções terapêuticas mais adequadas para escolha do paciente. Ao paciente compete, após bem informado, decidir o tratamento.
O que se pode proclamar enfática e dogmaticamente é que na patologia humana nada se compara e se registra com tanta perfeição e eficiência, por recursos próprios, como a formação da rica rede de circulação colateral, objetivando o reajuste do suprimento sanguíneo e a auto– revascularização dos segmentos miocárdicos carentes, apreciada destacadamente nos portadores de severa coronariopatia crônica: o que a Natureza faz o homem não é capaz de reproduzir com a perfeição e a mesma utilidade.
O objetivo maior do médico deve ser prevalecer na mente de seus pacientes o conhecimento seguro acerca do que se passa com suas artérias coronárias e seus efeitos sobre o coração e instruir-lhes sobre a maneira de convivência proveitosa, desfrutando uma vida de atividade normal, sem depressões nem fobias e fundamentada na autoconfiança.
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