Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio
Teoria infecciosa: Controvérsias e o fracasso dos antibióticos na prevenção da doença arterial coronária
Editorial publicado na Circulation em 1999 (1) dizia que um número crescente de artigos sugerindo um papel de agentes infecciosos na gênese da aterosclerose levou a percepção de que essa implicação já estaria provada e até mesmo estimularam alguns médicos e a mídia a quererem saber se os antibióticos deveriam ser dados a pacientes com doença arterial coronária. O editorial alertou que a tendenciosidade na publicação de artigos levaria a que fossem publicados muito mais resultados de estudos positivos, freqüentemente derivados de estudos pobremente delineados, do que resultados negativos, freqüentemente derivados de estudos excelentemente delineados. Citou que um dos melhores exemplos de publicação tendenciosa na área de infecção e doença arterial coronária foi vista no teste Roxy, o qual foi preliminarmente publicado no Lancet como um “teste piloto aleatório positivo” e posteriormente publicado em sua forma final no European Heart Journal como um estudo negativo.
Em outro editorial, publicado na Circulation Research em 2002 (2), Stephen Epstein diz que entre os estudos iniciais que sugeriram que a infecção contribui de forma causativa para a aterogênese estavam investigações de tecido aterosclerótico humano demonstrando a presença de patogênicos na parede da artéria doente e estudos soroepidemiológicos clássicos nos quais foram demonstradas associações entre aterosclerose e infecção patogênica prévia (evidenciada por anticorpos antipatogênicos).
Stephen Epstein falou que essas questões foram apropriadamente levantadas relacionando o significado biológico de tais associações. E, que um patogênico residente em uma artéria aterosclerótica, por exemplo, poderia ser simplesmente um “espectador inocente” ao invés de um agente causativo relevante; alternativamente, artérias escleróticas poderiam ser simplesmente mais vulneráveis à infecção, e que embora múltiplos estudos soroepidemiológicos demonstrassem associações entre aterosclerose e anticorpos visando patogênicos individuais, outros estudos não demonstraram essa associação (3, 4).
Para Stephen Epstein permanece uma questão impertinente: Porque, sendo a infecção uma contribuinte importante para o desenvolvimento da aterosclerose, existiria tal disparidade entre os diferentes estudos epidemiológicos, e porque alguns indivíduos foram infectados com um candidato patogênico livre de aterosclerose, enquanto outros tiveram doença extensiva? Diversas tentativas de respostas têm aparecido, todas apontando para a conclusão de que se existir um relacionamento causal entre a infecção e a aterosclerose, ele é complexo.
O fracasso dos antibióticos na prevenção da doença arterial coronária
Os resultados negativos de 2 testes com antibióticos na prevenção secundária da doença arterial coronária – ACES (5) e PROVE-IT TIMI 22 (6) – foram analisados em editorial no New England Journal of Medicine de 21 de abril de 2005 por Jeffrey L Anderson (7, 8) sendo levantadas dúvidas quanto aos caminhos futuros, já que os atuais estudos se juntam a diversos outros estudos negativos relatados até aquela data. Uma meta-análise dos testes aleatórios controlados desde 1966 até abril de 2005, da terapia por antibióticos em pacientes com doença arterial coronária, foi publicada no Journal of the American Medical Association em 1 junho de 2005 mostrando a ausência de redução na mortalidade ou eventos cardiovasculares, através desses agentes (9).
Em editorial no Lancet John Danesh (10), apresentando a relação dos principais testes aleatórios controlados, diz que esses testes excluem a possibilidade de benefícios de antibióticos antichlamydia na prevenção secundária da doença arterial coronária e que eles encorajam uma reavaliação crítica da evidência na observação humana que iniciou e que ajudou a sustentar a hipótese vinculando Chlamidia à doença coronária.
Essa evidência fica ainda mais enfraquecida através de novos estudos demonstrando a falta de associação entre a sorologia de Chlamidia Pneumoniae e disfunção endotelial das artérias coronárias (11).
Principais testes de antibióticos realizados na prevenção secundária da doença arterial coronária (7):
Veja também: Referências:
Revisão: Agosto, 2008
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