Quintiliano H de Mesquita: A História e a Luta de um Gênio da Medicina do Século XX

 

 

Conheça a história e a luta do Doutor Quintiliano de Mesquita, cardiologista, professor e pesquisador brasileiro, de grande capacidade intelectual e imaginativa, que trouxe diversos progressos importantes para a cardiologia com 33 contribuições inéditas na literatura mundial e 41 contribuições inéditas na literatura nacional, até o ano de 2000.

 

A criatividade do Doutor Mesquita, aliada ao poder de observação, foco e curiosidade científica, o coloca entre os grandes gênios da história da medicina e, como é comum em casos semelhantes, traz preconceitos e reações negativas para algumas de suas valiosas descobertas (Veja a participação da genialidade nas 10 maiores descobertas da medicina ocidental, ao final do artigo). 

 

Uma de suas principais realizações foi a Teoria Miogênica do Enfarte do Miocárdio desenvolvida em 1972, com a prevenção e tratamento do enfarte através de cardiotônicos. O Doutor Mesquita recebeu em 1975 o Prêmio de Tradição Ernst Edens, da Sociedade Internacional de Combate ao Enfarte, pelo uso de cardiotônico na angina instável, na angina estável e no enfarte agudo do miocárdio. Em 1980 houve reportagem pela revista alemã Bunte, a respeito. A Teoria Miogênica e a prevenção e tratamento do enfarte através de cardiotônicos continuam a ser boicotados, até hoje, pelos representantes da doutrina médica predominante e pela mídia.

 

O Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio, dirigido pelo Doutor Mesquita até o ano de 2000, quando veio a falecer, disponibilizou vários documentos relacionados aos seus trabalhos e pesquisas pioneiras em seu website na Internet, inclusive alguns artigos inéditos, memórias, livros, reportagens, prêmios, homenagens e correspondências de médicos, congratulando-o por suas contribuições à cardiologia.

 

Outras descobertas médicas de destaque:

a) Classificação eletrocardiográfica de bloqueio de ramo incompleto, com a descoberta de 2 novos tipos de BRI - 1948.

b) Proposição ao cirurgião norte americano Charles Bailey para operar aneurisma do coração de seu paciente através de simples ablação (aneurismectomia ventricular), técnica vitoriosa representando o primeiro caso de sucesso na literatura - 1954.

c) Primeiro diagnóstico de enfarte de ventrículo direito realizado em vida através do eletrocardiograma, dentro de novos padrões eletrocardiográficos e confirmando a Teoria Vetorial do ECG no enfarte do miocárdio - 1958.

d) Confirmação da teoria da condução acelerada AV, de Prinzmetal - 1999. 

 

Para maiores informações sobre as vitórias do Doutor Mesquita na medicina veja nas seguintes páginas do website do Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio:

 

  1. Homenagens, prêmio da Sociedade Internacional de Combate ao Enfarte e cartas recebidas de médicos do exterior sobre seus trabalhos:  http://www.infarctcombat.org/qhm/homepage.html
  2. Artigos inéditos e memórias: http://www.infarctcombat.org/artigos/icem.html
  3. Relação de suas contribuições pioneiras para a cardiologia: http://www.infarctcombat.org/TP/qhm.html
  4. A Doença e seu Tratamento: http://www.infarctcombat.org/ADoenca/icem.html
  5. Livro Teoria Miogênica:  http://www.infarctcombat.org/LivroTM/qhm.html
  6. O Boletim do Coronário: http://www.infarctcombat.org/boletim/icem.html
  7. O Boicote a seus trabalhos: http://www.infarctcombat.org/0Boicote/icem.html
  8. Reportagem Revista Bunte, Alemanha: http://www.infarctcombat.org/qhm/Bunte.html
  9. Outros livros publicados: http://www.infarctcombat.org/livros/icem.html

 


 

A Genialidade e as 10 maiores descobertas da medicina ocidental

 

Em seu livro “Medicine’s 10 Greatest Discoveries” (1) Meyer Friedman e Gerald Friedland, médicos e professores, escolheram as 10 maiores descobertas da medicina ocidental e seus principais autores. Algumas de suas escolhas são bastante discutíveis, não por não serem importantes, mas porque uma delas ainda está sendo apreciada na sua evolução e outras porque a identidade dos descobridores continua sendo questionada. Também porque omitiram contribuições importantes de paises orientais entre os quais a China e a Índia. (2, 3)

 

O interessante é a conclusão de Friedland e Friedman em seu trabalho, de que a genialidade não foi tão importante quanto a curiosidade e a capacidade para conduzir uma investigação metódica, com paciência, foco e organização, além de que os descobridores foram dirigidos pela sede de reconhecimento e fama.

 

Friedland e Friedman concluíram, ainda, que as descobertas médicas são inter-relacionadas com uma descoberta servindo como fundação para a próxima, no que são corrigidos por Vlamir Hachinski (3) que diz que as descobertas médicas não se inter-relacionam, mas sim estão relacionadas com outras descobertas.

 

De fato, as descobertas, não só na medicina como em outras áreas da ciência, a cada dia mais, se devem a grupos de pesquisadores que se apóiam sobre o ombro daqueles que os precederam, limitando-se a serem prudentes, cuidadosos e pautados por critérios de certeza. Aqueles pesquisadores com espírito mais independente, e que se aventuram no questionamento das certezas e na reavaliação dos fatos, baseando-se em sua própria criatividade e imaginação e em experiências heterodoxas, penetrando assim no campo da controvérsia, são boicotados, reprimidos, discriminados, desacreditados e até perseguidos e ridicularizados como foi no caso de Edward Jenner, o introdutor da vacinação, uma entre as 10 maiores descobertas da medicina ocidental. Estas reações, que continuam a acontecer até os dias de hoje, são provocadas por questões que vão desde aquelas ligadas ao prestígio até aquelas envolvendo interesse econômico.

 

Deve ser notado, ainda, que algumas das descobertas escolhidas entre as 10 maiores da medicina ocidental aconteceram por acidentalidade e pura sorte.

 

Seguem as 10 principais descobertas da medicina ocidental, de acordo com Friedman e Friedland, por ordem cronológica:

 

1543 – “De Humani Corporis Fabrica” por Andrea Vesalius, detalhando a anatomia do corpo humano. Considerada por Friedman e Friedland como o início da ciência médica.

 

1628 – “De Motu Cordis” por William Harvey, descreve as funções do coração e a circulação do sangue. Descoberta considerada por Friedman e Friedland como a introdutora do princípio da experimentação na medicina. Entretanto, William Harvey foi treinado na Universidade de Pádua, onde Galileu, o pioneiro do método experimental em física trabalhou.

 

1675 – “Fundação da Bacteriologia” por Anton van Leeuwenhoek, que olhando através de um microscópio para uma gota de água de chuva, que por sorte ficou estagnada por alguns dias, tempo suficiente para a bactéria crescer, descobriu a presença de animais minúsculos. – ou bactérias, causa de inúmeras doenças. Essa descoberta é notável porque o descobridor não era médico ou cientista, mas um camiseiro e, temporariamente, um zelador.

 

1796 – “A Vacinação” por Edward Jenner, que introduziu a vacina contra a varíola. Seu método de inocular bactérias mortas ou suas toxinas ajudou a erradicar a varíola, e proteger contra a peste bubônica, cólera, tétano, difteria, e outras doenças.

 

1842 – “A Anestesia” por Crawford Long, que, acidentalmente, obteve a idéia da anestesia cirúrgica quando, após se ferir em uma festa, não sentiu dor sob a influência do éter. O que não está claro é quem merece o crédito por esta descoberta. Friedman e Friedland escolheram Crawford Long, mas este competiu com Morton, Wells e Jackson da Universidade de Harvard, pela fama como descobridor da anestesia cirúrgica.

 

1895 – “O Raio-X” por Wilhelm Roentgen, que descobriu o feixe de raio-X, e desenvolveu uma das mais importantes ferramentas de diagnóstico.

 

1907 – “A Cultura de Tecidos” por Ross Harrison, que foi o primeiro a cultivar tecidos vivos fora de um organismo. Isto possibilitou o estudo de organismos vivos a nível celular e molecular e o desenvolvimento de vacinas modernas.

 

1912 – “O Colesterol” por Nikolai Anichkov, que descobriu que injetando colesterol em coelhos se produzia doença arterial coronária.

 

1928 – “A Penicilina” por Alexander Fleming, que descobrindo a penicilina, pensando-a apenas como um germicida para uso externo, levou ao desenvolvimento de antibióticos para tratar infecções.

 

1950-1953 – “O DNA” por Maurice Wilkins, que recebeu o crédito do trabalho pioneiro ao isolar uma simples fibra de DNA e examiná-la, à qual James Watson e Francis Crick usaram para elucidar sua estrutura. Maurice Wilkins, James Watson e Francis Crick dividiram o prêmio Nobel por esta descoberta, que abriu a porta da pesquisa genética em 1962.

  

Bibliografia

1. Medicine's 10 Greatest Discoveries, Yale Univ Pr, 1998

2. Assessing "Medicine's 10 Greatest Discoveries, Charles Meyer, Minnesota Medicine, December, 1998.

3. Medicine's 10 Greatest Discoveries. Review by Vlamir Hachinski, Annals of Internal Medicine, 17 August 1999, Volume 131 N 4.

 

 

  Carlos Monteiro

http://www.infarctcombat.org/cm/homepage.html