Instituto de Combate ao Enfarte do Miocárdio

 


 

Exemplo de Vida

 

(Homenagem publicada no informativo “O Coração”, da Sociedade Paraibana de Cardiologia Ano 2 – Nrº 3 – Maio 2001*)

 

No dia 28 de outubro de 2000, deixou-nos o Mestre Professor Dr. Quintiliano H. de Mesquita. Paraibano excepcional, que honrou nosso nome no cenário nacional e internacional, homem de um caráter impar, com quem tive a oportunidade de aprender muito sobre cardiologia e vida, o que o fazia um Educador no verdadeiro sentido da palavra. 

 

Cheguei ao Professor Quintiliano por meio de outro homem brilhante, o Professor Antonio Dias dos Santos, no início de 1974, onde fui cursar o 6º ano de medicina e dei continuidade com a residência. O Hospital Matarazzo era o local acolhedor onde chegavam vários nordestinos, sendo a maioria paraibanos, em busca de conhecimentos, recebendo do Dr. Quintiliano o aconchegante carinho, que contrastava nitidamente com a “fria” São Paulo e fazia nos sentir como se estivéssemos em nossas casas.

 

Quero testemunhar aqui mais um dos aspectos admiráveis deste homem, que guardo em meu coração por toda vida.

 

Tendo tomado conhecimento que enfrentava dificuldades financeiras para sobreviver em São Paulo, durante meu 6º ano, onde via-me obrigado a procurar algum ganho com plantões em cidades circunvizinhas, ofereceu-me ajuda a fim de que pudesse dedicar-me aos estudos com mais tranqüilidade, ato este, totalmente espontâneo.

 

Durante sua vida, colecionou títulos, publicou livros e inúmeros trabalhos (são 33 trabalhos inéditos na literatura mundial e 41 na literatura nacional). Foi fundador e chefe do Instituto de Angio Cardiologia do Hospital Matarazzo de outubro de 1945 a dezembro de 1979. O trabalho foi constante em sua vida.

 

Deixou-nos após concluir o estudo “Cardiotônico: insuperável na preservação da estabilidade miocárdica como preventivo das síndromes coronárias agudas e responsável pela prolongada sobrevida”, que encontra-se no prelo para publicação. Com a sua Teoria Miogênica do Infarto do Miocárdio, foi outorgado com o Prêmio Tradição Ernst Edens pela Sociedade Internacional de Combate ao Infarto, Stuttgart, Alemanha, em 1975. Era época de minha residência e lembro-me de sua indisfarçável alegria, com alguma pitada de decepção, por não ser do Brasil este reconhecimento.

 

Foi Professor Honorário da Faculdade de Medicina de nossa Universidade, Sócio Fundador da Sociedade Brasileira de Cardiologia e seu primeiro Tesoureiro, Sócio Fundador da Sociedade Brasileira de Angiologia, Sócio Emérito Fundador da Academia Paraibana de Medicina e Sócio Benemérito de nossa Sociedade Paraibana de Cardiologia.

 

A preocupação, dedicação e relacionamento com seus pacientes era marcante no seu dia a dia e neste aspecto era também especial.

 

Por tudo isto, o querido Professor Quintiliano é inesquecível. Agradeço a Deus a grande oportunidade que tive de conviver e aprender com este homem, o que me torna uma pessoa privilegiada. Deixo aqui em meu nome e de todos os nordestinos que foram recebidos pelo Professor Quintiliano em São Paulo, minhas homenagens. Grande saudade!

 

Paulo Bezerra de Araújo Galvão"    

 

* Informativo "O Coração" em: http://sociedades.cardiol.br/pb/publicacoes/mai2001.pdf

 

 

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